Labirintite existe mesmo? O que a ciência mostra
- Dra. Nicole Sartor

- 24 de set.
- 2 min de leitura
Afinal, labirintite existe?
No dia a dia, é comum ouvir que alguém “está com crise de labirintite”. Mas na prática médica, a história é diferente. Labirintite é um termo popular, usado de forma equivocada para qualquer tontura.
Na verdade, labirintite é uma doença específica e rara, causada por uma inflamação do labirinto (a parte do ouvido interno responsável pelo equilíbrio). Essa inflamação geralmente está associada a infecções virais ou bacterianas. Ou seja: a maioria das pessoas que acreditam ter “labirintite” apresentam, na verdade, outros distúrbios vestibulares.
O que é o labirinto?
O labirinto é uma estrutura delicada do ouvido interno, formada por canais semicirculares e pelo vestíbulo. Ele faz parte da orelha interna junto com a cóclea, que é responsável pela audição. Ele tem duas funções principais:
O vestíbulo contém o utrículo e o sáculo, que registram a posição da cabeça e percebem movimentos lineares (como ir para frente, para trás, para cima ou para baixo).
Os canais semicirculares detectam movimentos de rotação da cabeça (como girar para olhar para o lado).
Juntos, eles enviam informações ao cérebro para manter o equilíbrio, a postura e coordenar os movimentos oculares.
Quando há alguma alteração no funcionamento do labirinto, surgem sintomas como tontura, vertigem, zumbido, náusea e vômito, perda auditiva em alguns casos.
O que é realmente a labirintite?
A labirintite verdadeira acontece quando há inflamação do labirinto. Pode ocorrer por:
infecção viral (como gripes fortes);
infecção bacteriana (mais grave, podendo comprometer audição permanentemente);
complicações de otite média crônica.
Seus sintomas incluem:
Vertigem intensa e súbita;
Perda auditiva;
Zumbido;
Desequilíbrio importante.
É uma condição que requer avaliação médica imediata, pois pode deixar sequelas.
E quando não é labirintite?
Na prática clínica, os diagnósticos mais comuns para pacientes com tontura são:
Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB): a famosa “tontura ao deitar ou virar a cabeça”, conhecida como "doença dos cristais".
Doença de Ménière: crises de vertigem associadas a zumbido e perda auditiva flutuante.
Migrânea vestibular: enxaqueca que afeta o equilíbrio.
Hipotensão postural ou alterações circulatórias.
Doenças neurológicas
Portanto, usar o termo “labirintite” para tudo gera confusão e pode atrasar o tratamento correto.
Conclusão
A labirintite existe sim, mas é rara e diferente da maioria das tonturas do dia a dia. A maior parte dos pacientes apresenta outros distúrbios vestibulares, que precisam de diagnóstico especializado.
👉 Se você sente tontura ou vertigem, procure um otoneurologista. Só uma avaliação completa pode identificar a causa e indicar o tratamento correto.



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